Desafio 14
Tópico gramatical: Optativo oblíquo
Para entendermos como funciona o optativo oblíquo, primeiro vamos fazer uma
distinção entre tempos primários e secundários. Tempos secundários são
aqueles que indicam passado – imperfeito, aoristo e mais-que-perfeito –, e
tempos primários são os outros – presente, futuro e perfeito. Feita essa
distinção, vamos imaginar uma sentença que tenha, dentro dela, uma oração
subordinada. Se o verbo da oração principal estiver em um tempo
secundário, o verbo da oração subordinada pode aparecer no optativo, o
chamado optativo oblíquo – e, por isso, dizemos que ele aparece em sequência
secundária. Note que nem sempre essa “substituição” de modos ocorrerá:
mesmo em sequência secundária, o verbo da oração subordinada pode
aparecer no modo “original” em que ele estaria.
Assim, o seguinte exemplo:
“Já disse que sou sozinho!”
(Fonte: poema Lisbon Revisited, de Álvaro de Campos)
Poderia ser vertido para o grego como:
ἤδη εἶπον ὅτι μόνος δὴ εἴην.
Nessa versão, o verbo da oração principal, εἶπον, está no aoristo, um tempo
secundário. Assim, o verbo da oração subordinada pode ser “substituído” por
um optativo oblíquo, εἴην. Note que isso foi uma opção: esse verbo poderia
aparecer no indicativo também, είμι.
Tente usar o optativo oblíquo nos trechos abaixo. Note que alguns verbos
podem ser complementados de duas maneiras: por exemplo, alguns verbos de
dizer podem ser complementados com um acusativo + infinitivo ou com uma
oração subordinada iniciada por ὅτι ou ὡς. Caso você opte por usar o optativo
oblíquo, use a segunda opção (ὅτι ou ὡς), pois, para usar o optativo oblíquo, é
preciso que o verbo da oração subordinada esteja em uma forma finita
(conjugado).
1) Uma ideia perturbadora para se pensar nesses tempos de quarentena. (Fonte: O Pistoleiro, Stephen King, adaptação nossa)
“Eles descobriram que alguém podia ter fome de luz tanto quanto de
comida.”
Vocabulário e dicas
Se for usar o optativo oblíquo, ao invés do verbo εὑρίσκω, use um verbo com sentido parecido que pode ser construído com ὅτι ou ὡς: algumas opções são verbos que significam
“aprender, ficar sabendo”, como
γιγνώσκω, μανθάνω ou πυνθάνομαι.
“ter fome”: uma opção é πεινάω (veja a regência desse verbo em um
dicionário)
2) Steven Universe, como sempre, ensinando as melhores lições. (Fonte: animação Steven Universe, adaptação nossa)
“Naquele dia, Garnet aprendeu como podia mostrar sua verdadeira força
sem os punhos.”
Vocabulário e dicas
“Garnet”: tente ser criativo! Dentre várias opções, uma é helenizar esse nomes, tentando fazer com que ele se encaixe em algum paradigma. Outra opção é usar “Joia” (ὁ/ἡ λίθος)
“sem”: uma opção ἄνευ + genitivo.
“punho”: πυγμή -ῆς, ἡ.
3) Quando você percebe que a série é sobre mais que robozinho caubói... (Fonte: série Westworld, adaptação nossa)
“Um amigo uma vez me disse algo que me confortou. Ele disse que
Mozart, Beethoven e Chopin nunca morreram, mas simplesmente viraram
música.”
Vocabulário e dicas
“Mozart, Beethoven e Chopin”: tente ser criativo! Dentre várias opções, uma é helenizar os nomes desses compositores, tentando fazer
com que eles se encaixem em algum paradigma. Outra opção é adaptar o
trecho para usar, ao invés dos nomes desses músicos, nomes de poetas
gregos que fizeram canções, que tal?
“confortar”: uma opção é παραμυθέομαι.